NP D NP Diário #40 | 06/08/2022 | O que me acontece na vida é culpa da sociedade | Produzir energia através da placa de Peltier

NP Diáio

carlos_pinhal

Filósofo
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NP Diário #40 | 06/08/2022 | O que me acontece na vida é culpa da sociedade | Produzir energia através da placa de Peltier

▀▄▀▄ Data deste diário ▄▀▄▀
06/08/2022

▀▄▀▄ Texto ▄▀▄▀
Escrevo este NP Diário em 6 de agosto de 2022, pelas 15:21 na biblioteca municipal de Vila Real. Não tive coragem para tomar uma atitude forte e em resultado dessa cobardia vou-me "arrastando" até ao momento em que a situação se tornar insuportável e não existir mais saída que ir viver para a rua de um momento para o outro.
Até lá e enquanto não tomar uma posição firme nesse sentido, irá ser uma instabilidade constante, podendo a qualquer momento, de uma hora para a outra eu ter que ir viver na rua.

Não é fácil e ninguém quer ou escolhe viver na rua. É muita desonestidade quem acha que se esta ou vai viver na rua por gosto ou opção própria. Alias, para essas mesmas pessoas a pobreza é uma questão de gosto ou opção própria da pessoa que é pobre.

Nestes últimos dias fui-me bastante abaixo. Não tive vontade para nada e quase não sai da cama. Literalmente, ando-me a arrastar.
Estou desiludido com as pessoas. São as pessoas, a sua mentalidade e as suas opções e decisões que contribuem para a minha situação. Não consigo, nem nunca consegui ser independente financeiramente e não vejo como o poderei ser, sem que viva na rua. Mesmo vivendo na rua, existem outras dificuldades que, entretanto, se colocam.

Ao analisar o pensamento e mentalidade vigente das pessoas que vou tendo acesso das duas uma, ou eu sou muito burro ou as pessoas são muito burras. O mais provável seria que fosse eu o mais burro, no entanto, constantemente penso em tudo e nem por um segundo sinto que eu possa estar errado. As pessoas levam a melhor por serem mais em número, muito mais.
O que sinto é que toda esta ignorância e burrice da sociedade e das pessoas tem-me custado a minha vida. As pessoas não estão nem um pouco preocupadas com isso, muito pelo contrário, muitas até se sentem bem com o facto de contribuírem para paralisar a minha vida.

Tenho de aprender um pouco com as demais pessoas e agir, um pouco, com a mesma indiferença. Um dos meus grandes defeitos é pensar mais nos outros que em mim. Isso tem-me penalizado mais do que já naturalmente, devido ao meu status social, sou penalizado.

No que depende dos outros eu não posso fazer rigorosamente nada. No que depende de mim, ai sim, eu posso fazer muito. Posso e devo fazer mais, muito mais, do que tenho feito até agora. Como já referi, tenho que me fechar sobre mim mesmo. Tenho que ser alheio ás outras pessoas e não devo conhecer o significado da palavra vergonha. Tenho de ter coragem para fazer toda e qualquer ação de acordo com a minha consciência sem me importar com o que os outros irão pensar.

Tem sido um processo e caminho bastante difícil. Tenho, de certo modo, me reconstruido em muito do meu pensamento, sem nunca abandonar os meus pilares como a honestidade, verdade e bondade. Tenho de aprender a viver desconfiado e deixar de acreditar em milagres e estar á espera sempre do pior e encontrar motivação com esses cenários. É mais fácil eu me motivar pensando no sucesso, mas esta forma de motivação tem um ponto extremamente negativo, quando "cair" na realidade e verificar que aquilo é impossível o "baque" psicológico negativo é muito grande.

Tenho me mentalizado de tudo isto e tenho repetido todas estas coisas que tenho escrito e dito na minha cabeça. Não devo esperar nada de ninguém e ninguém deve esperar nada de mim. Eu sou radicalmente diferente das pessoas e sinto-me bem da forma que sou e não irei mudar. Não devo acreditar em sucesso, porque sucesso é quase impossível para pessoas da extrema pobreza como eu. Tenho que ser realista e encontrar motivação no realismo, mesmo que esse realismo seja "negro".

Tenho me voltado a "levantar" aos poucos e agora o objetivo é conseguir dominar a disciplina horária, dentro do possível. Dominar e estar ativo entre as 7 até ás 21 horas é de extrema importância. Ao mesmo tempo tentar dominar a disciplina financeira e alimentar. No que respeita á disciplina financeira este ano tem sido um desastre. Não consegui ter um único mês "positivo". Tenho tido meses, como o mês passado de julho, bastante maus a nível de gastos. Este mau desempenho financeiro é algo que também ajuda na minha desmotivação.

O facto de ser incapaz de dominar, pelo menos, as referidas três disciplinas é o que me dá mais medo de tomar uma decisão de ir viver na rua. Quando vives na rua, disciplina horária, financeira e alimentar são de extrema importância. Dominares essas disciplinas e viveres bem com esse domínio é muito importante para que o teu psicológico, numa situação de mendigagem, não se comesse a descontrolar. Viver numa situação de rua é muito importante teres uma base psicológica muito grande para te focares no que tens que te focar e não começares a te desviar do caminho certo que tens que seguir.

É um sentimento de fracasso que me assola ás vezes. Eu tenho fracassado e sinto-me desamparado e sem apoio. Quando falo apoio, refiro-me a pessoas que no mínimo entendam o que sinto e passo. Mas, como já referi, não posso depender dos outros. Tenho que treinar a minha mente para que eu dependa só de mim e a minha motivação tem que vir da minha disciplina, foco e trabalho.

O importante é continuar e concluir o plano de reestruturação que será bastante elaborado. Dará muito trabalho. Tenho de "acelerar" e começar a trabalhar com mais afinco nele. Sair deste ambiente seria uma solução, o problema é uma fonte de energia. Ir uns dias ou semanas viver para a rua e não ter uma fonte de energia para alimentar o computador e telemóvel, irá me limitar bastante no que tenho que fazer. Ficar, na rua, sem ter o que fazer poderá ser bastante prejudicial para o meu psicológico. Se viver ou dormir na rua, tenho de estar ativo com algo. Trabalhar não só no plano de reestruturação, mas no Nómada Português seria o ideal.

Eu já idealizei uma máquina a vapor, em que o vapor seria originado com o calor de uma vela, que criaria pressão que faria movimentar um motor que por sua vez produziria eletricidade. O problema? Para algo assim preciso de manipular alumínio e criar recipientes estanques para aguentar pressão e calor. A única forma de fazer isso é através de solda. Eu não tenho material de solda e custar-me-ia caro, muito caro, comprar equipamento de solda só para fazer esse aparelho.

Foi então que surgiu uma esperança, placa de Peltier. Normalmente estas placas são utilizadas para fazer frio. Mas de conseguirmos criar uma diferença de temperatura entre cada lado, elas têm a capacidade de gerar energia elétrica. Com a vela crio calor, e com a energia inicial que é produzida, alimento uma ventoinha que tenta dissipar o máximo calor do outro lado da placa, resultando assim na diferença de temperatura entre lados da placa.

Já mandei vir uma placa, a mais barata e custou 5€, mais uma resistência e um termómetro por infravermelhos. Tudo custou 27€. O objetivo é testar a placa e verificar se com os resultados com essa placa é viável a criação da máquina que produza energia elétrica com o calor de uma vela. Hoje é sábado, espero que segunda feira, o material chegue e já posso começar a fazer os testes. No caso da placa que mandei vir, eles falam em 4 Amperes. Se de facto conseguir valores destes de amperes é excelente. Mas mantenho as minhas expectativas moderadas.



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