Estamos a dia 24 de junho e á dois dias atrás tive que vir para Viseu, para hoje á noite ter que voltar para Vila Real. Com esta dinâmica de vida não consigo começar a construir nada. Já tentei várias vezes, mas o ambiente á minha volta acaba por ajudar aquele meu "eu" que me esta sempre a tentar mandar abaixo.
A tal pessoa que me mata a fome, hoje faz anos. É um pouco complicado para mim não conseguir comprar nenhum presente para oferecer a essa pessoa. Vou ter que procurar algo simbólico. Sinto-me mal, mas não culpado. A situação em que encontro não é culpa minha. Eu fiz de tudo para fugir da situação que me encontro, já desde 2006 quando sai de casa dos meus pais. A minha classe social nunca mudou. Durante este tempo sempre foi a classe social mais baixa que existe, de pobreza extrema. Só não passo fome por causa de terceiros, que de uma forma ou de outra, acabo sempre por ter que dar algo em troca.
Eu nunca quis esta situação de dependência permanente para não ter que passar fome. É uma situação que quando penso, gera revolta. Revolta que tento controlar, mas nem sempre é fácil.
Neste momento a minha vida é uma instabilidade constante. Sinto que se não me anular, como me tenho anulado, posso virar mendigo e passar fome de um momento para o outro. Esta situação mexe com o meu orgulho e a minha dignidade. É por isso que estou a pensar seriamente em pegar na mochila e ir acampar durante uma semana, mesmo que me falte determinadas situações, como uma fonte de energia. Preciso de me sentir independente. Preciso começar a viver a minha vida nas condições que a minha classe social permite.
Reclamar ou me sentir revoltado não vai adiantar rigorosamente nada. O que tem que ser feito é pela primeira vez, começar a enfrentar o destino ou a condenação que a sociedade reservou para mim. Tenho de aprender a viver com isso. Tenho de aceitar isso e adaptar a minha vida de acordo com essa vivencia que a sociedade reservou para mim. Contudo, isto não quer dizer que tenha que "vergar" perante o sistema. Isso nunca. "Vergar" perante o sistema é rejeitar ou não aceitar a minha condição social. Cenário que tem sido durante a minha vida toda.
Ninguém gosta de ser pobre. Eu não gosto de ser pobre, mas negar esse facto e essa realidade não me vai ajudar rigorosamente em nada. Isso quer dizer que me tenho que habitar ou gostar de ser pobre? Não, tenho de aprender a viver dessa forma e procurar seguir os meus sonhos, que no meu caso são o estudo da história e eletrónica.
Através do Nómada Português será possível abordar os dois temas, principalmente a história. Olhando para a minha situação e história de vida, é importante deixar uma obra filosófica para a posterioridade.
O objetivo no momento é controlar o meu psicológico. Não deixar emoções negativas como a raiva ou a revolta tomem conta de mim e me conduzam a atos que não condizem comigo. É nisso que tenho trabalho nestes dias.
Sigo organizando o fórum do nómada português, mas existem dias que me dá uma desmotivação enorme. Estava a escrever a história do Nómada Português, que no fundo é muito da minha história e deu-me uma desmotivação enorme. Para não ficar parado tenho começado a programar PHP. Criar funções que serão úteis e poderão ser reutilizadas em sites que possa vir a fazer. Tem sido isso que tenho feito nos últimos dias. Ficar parado gera desmotivação, que depois gera mais desmotivação. Começo a entrar num ciclo de desmotivação sem fim.
Programar é algo que também gosto de fazer. No entanto, gosto mais da área de programação de máquinas. O ideal para mim é criar máquinas e programar essas mesmas máquinas. Fazer isso seria algo que me faria sentir realizado. Existe tantas ideias que tenho. Só não tenho o principal, uma estrutura base para começar a colocar em prática essas ideias.
Tenho de aceitar que nunca conseguirei ter porque não interessa ao sistema e á sociedade que eu tenha essa estrutura. Porque com essa estrutura e consequente desenvolvimento de projetos e ideias, isso iria resultar em produtos ou serviços que poderiam ser vendidos, que resultariam em poder económico que me iria permitir subir socialmente. Eu subir socialmente, para o sistema e sociedade, é completamente inadmissível.
Contudo, mesmo sem essa estrutura, vou perseguir o meu sonho, ainda que isso nunca resulte em aproveitamento económico. Fá-lo-ei só pelo gosto e concretização pessoal. Aliás, tenho de fazer as coisas na minha vida pelo gosto e concretização pessoal, mesmo que para isso tenha que fazer alguns sacrifícios como o de viver na rua.
