R
Repositório Aberto da Universidade do Porto
Guest
Breve resumo:
Info Adicional:
Autor:
Clica para continuares a ler...
Title: Construção de espaço público. Porto. Século XX
Abstract: The main objective of the present work is the understanding of the formal characterization of public
spaces, which were built in Porto during the twentieth century. From the methodological point of view, the
more decisive aspects of the work were, on the one hand, the retrospective questioning of the analysis
to develop and, on the other hand, the expansion of this analysis to all public spaces built in Porto during
the twentieth century.
As a first step, we propose the reading of the discussion of public space within the disciplinary field of
architecture during the period under study, divided into four essentially chronological steps: Founding
Texts (1850-1907), modernist cities (1907-1950), as well as welfare and apocalypse (1950-1975) and
Pluralism and fragment (1968-2001). From this reading, we have chosen the following subjects as the
ones capable of supporting the development of our analysis: the scale and the assumption of rupture
as an ontological characteristic of the city; mobility and the assertion of functional segregation of public
spaces; space as a central subject of conceptual activity; its urban form as Expression of Time; and Nature
as part of the city.
Subsequently, the analysis of the evolution of the characterization of public spaces, which were built in
Porto during the twentieth century, was developed from the following topics:
- Quantitative analysis, examining the evolution of the quantity and average size of built spaces;
- Form of public space, in particular its boundary and regularity. To understand how the capacity of the
elements characterizing the demarcation of public spaces evolve, in the circumstance of an intense
challenge to the enclosure of space, and when analyzing the intensity and variety of geometric
regularization strategies as instruments for compositional ordering;
- Natural and functional segregation, trying to measure, respectively: to what extent and in what ways
nature is being integrated on built city form and public spaces, and to assess the extent to which the
increasing complexity of functional requirements, which support the construction of public space, has an
impact on their topological, formal and functional segregation;
- through the designation of formal identity try to question the perception of public spaces as entities
with formal autonomy, checking how varying the intensity of features, whose analysis was previously
raised, interfere with or influence that specific understanding.
In the third and last part of this work, devoted to a discussion of the results of the analysis performed
earlier, a set of proposals were advanced for interpreting public spaces built in Porto during the twentieth
century, as part of urban history, as part of the international architectural culture, as an expression of
ideas, and as an open challenge.As part of the history of the town, we propose the following timeline of the construction of public space:
- From 1833 to 1909, the liberal city, where the transformations induced by industrialization are increasingly striking in a town where the predominant element is the open urban grid, indefinitely extensible, yet attentive to sporadic constraints.
- From 1910 to 1960, monumentalization, network and enclave. Under the general trend towards a stronger demand for formal and hierarchical order, which we have selected as the strongest distinctive characteristic of this period, we distinguish two groups of spaces: neighbourhoods, spaces that functionally and in terms of their composition will close on themselves with an enclaves logic of construction, almost self-referenced, and another group of spaces that, in this respect, extends the dominant logic of the previous period of construction.
- From 1960 to 2010, the modernist city. From 1960 onwards, dominant spaces are the ones that tend to distinguish themselves as monofunctional, even distinguishing within a formal point of view, the road infrastructure, the housing and urban parks. This period is marked by the possibilities raised by the generalization of individual motor transport and the growing autonomy of the various proposals that contribute to the construction of public space. The slight inflection of some indicators, in the last two decades, seems to point more to a phenomenon of consolidation, a transformation that was already registered earlier, than to any reversal of the direction of the urban form development.
We verified the existence of a strong correlation between European and Porto urban cultures, but that this connection is not identical or regular across the study period. It is possible to distinguish periods in which, quite clearly, there is a proximity to international standards, particularly in Europe, (notably the "radiant city", the garden city (even tough in its diminished neighbourhood garden form), the "city beautiful" (a reinterpretation of the late Haussmannization of the city), and the city´s rehabilitation based upon the relations with natural, scenic or cultural exceptions structures (historic hooves or waterfronts) and other periods in which this approach decreases its intensity, making irrelevant to city building models as "tabula rasa", "universal space" "totalitarian space", retrieval and the exploration of urban tissue historical models or the search for new forms of environmental sustainability.
We believe that it is possible to read the construction of public space in the twentieth century as an expression of certain immanent ideas about European urban culture: Rupture as an ontological characteristic of the city, Nature as part of the city, Mobility and spatial segregation, Space as a formal expression of time. From this urban spatial reading, we highlight the operative potential for the construction of public space as a shared opportunity, founded on the searching of purpose and particular circumstances, and in this sense, able to give form and expression to a time of adjustment and a renewed relationship with the natural structures .
Description: O presente trabalho tem como objectivo central a compreensão da caracterização formal dos espaços
públicos construídos na cidade do Porto durante o século XX. Do ponto de vista metodológico, os aspectos
mais determinantes do seu desenvolvimento foram, a indagação retrospectiva da análise a desenvolver,
e, a sua extensão a todos estes espaços públicos.
Como primeiro passo, propomos uma leitura da discussão do espaço público no âmbito do campo disciplinar
da arquitectura, durante o período em estudo, estruturada em quatro etapas tendencialmente
cronológicas: Textos fundadores (1850-1907), Cidades modernistas (1907-1950), Bem-estar e apocalipse
(1950-1975) e Pluralismo e fragmento (1968-2001). Desta leitura, elegemos como temas capazes
de suportar a análise a desenvolver: a escala e a assunção da ruptura como característica ontológica da
cidade; a mobilidade e a afirmação da segregação funcional dos espaços públicos; o espaço como objecto
central da actividade conceptual e a respectiva forma urbana como expressão do Tempo; e a Natureza
como parte integrante da cidade.
Posteriormente, a análise da evolução da caracterização do espaço público construído na cidade do Porto
durante o século XX foi desenvolvida a partir dos tópicos:
- análise quantitativa, assinalando a evolução da quantidade e dimensão média dos espaços construídos;
- forma do espaço público, em particular a sua delimitação e regularidade. De que modo, na circunstância
de um intenso desafio ao enclausuramento espacial, evolui a capacidade caracterizadora dos elementos
de delimitação dos espaços públicos, bem como a intensidade e variedade de estratégias de regularização
geométrica enquanto instrumentos de ordenamento compositivo;
- elementos naturais e segregação funcional, procurando aferir, respectivamente: em que medida e de
que modo, a Natureza vai sendo integrada na forma da cidade e dos espaços públicos; e, avaliar a intensidade
com que, a crescente complexidade dos requisitos funcionais que suportam a construção de espaço
público, se repercute na respectiva segregação topológica, formal e funcional;
- Sob a designação de Identidade formal procuramos questionar a percepção dos espaços públicos
enquanto entidades com autonomia formal, aferindo de que modo a variação de intensidade das características
cuja análise foi anteriormente suscitada, interferem ou condicionam essa específica compreensão.
Na terceira e última parte do presente trabalho, dedicada à discussão dos resultados da análise anteriormente
realizada, avançamos propostas interpretativas da forma dos espaços públicos construídos na
cidade do Porto durante o século XX, nomeadamente, como parte da história urbana, como parte da
cultura arquitectónica internacional, como expressão de um ideário, e, como desafio em aberto.Como parte da história urbana da cidade, propomos a periodização da construção do espaço público:
- De 1833 a 1909, cidade liberal, em que as transformações induzidas pela industrialização são cada vez mais marcantes numa cidade em que o elemento predominante é a malha urbana aberta, indefinidamente extensível, ainda que atenta a condicionamentos circunstanciais.
- De 1910 a 1960, monumentalização, rede e enclave. Sob a tendência generalizada para a procura de um forte e hierarquizado ordenamento formal, que elegemos como característica mais distintiva deste período, distinguimos dois grupos de espaços: bairros que, funcionalmente, e do ponto de vista da sua composição, se encerram sobre si próprios numa lógica de construção de enclaves quase auto-referenciados e um outro grupo de espaços que prolonga, neste aspecto, a lógica dominante no período anterior, de construção de uma malha urbana.
- De 1960 a 2010, cidade modernista. A partir de 1960 são dominantes os espaços tendencialmente monofuncionais em que se distinguem, até do ponto de vista formal, as infra-estruturas rodoviárias, os conjuntos habitacionais e os parques urbanos. Este período é marcado pelas possibilidades suscitadas pela generalização do transporte automóvel individual e pela crescente autonomização das várias intervenções que concorrem para a construção do espaço público. A ligeira inflexão de alguns indicadores nas duas últimas décadas parece sinalizar um fenómeno de consolidação, transformação anteriormente registada, mais do que qualquer inversão no sentido global da evolução da forma dos espaços urbanos.
Constatamos a existência de uma forte correspondência entre as culturas urbanas europeia e portuense, mas que esta conexão não é idêntica ou regular ao longo do período estudado. É possível distinguir períodos em que, de forma bastante clara, existe uma maior aproximação aos modelos internacionais, em particular europeus (nomeadamente, a "cidade radiosa", a cidade jardim (ainda que na sua forma diminuída de bairro-jardim), a "city beautiful" (numa tardia reinterpretação da haussmanização da cidade), e a requalificação a partir de relações com estruturas naturais, paisagísticas ou culturais de excepção (cascos históricos ou frentes de água); e outros períodos, em que esta aproximação diminui de intensidade, tornando muito pouco relevantes na construção da cidade modelos como: "tabula rasa", "espaço universal", "espaço totalitário", recuperação e exploração de modelos históricos de tecido urbano ou pesquisa de novas formas de sustentabilidade ambiental.
Entendemos ser possível ler a construção de espaço público no século XX enquanto expressão de um ideário imanente da cultura urbana europeia: a Ruptura como característica ontológica da cidade, a Natureza como parte da cidade; Mobilidade e segregação espacial; o Espaço enquanto expressão formal do tempo. Desta possibilidade de leitura, destacamos o potencial operativo da construção de espaço público enquanto criação de uma oportunidade partilhada, fundado na exploração de propósito e circunstâncias particulares e, nesse sentido, capaz dar forma e expressão a um tempo de uma renovada regulação e relação com as estruturas naturais.
Abstract: The main objective of the present work is the understanding of the formal characterization of public
spaces, which were built in Porto during the twentieth century. From the methodological point of view, the
more decisive aspects of the work were, on the one hand, the retrospective questioning of the analysis
to develop and, on the other hand, the expansion of this analysis to all public spaces built in Porto during
the twentieth century.
As a first step, we propose the reading of the discussion of public space within the disciplinary field of
architecture during the period under study, divided into four essentially chronological steps: Founding
Texts (1850-1907), modernist cities (1907-1950), as well as welfare and apocalypse (1950-1975) and
Pluralism and fragment (1968-2001). From this reading, we have chosen the following subjects as the
ones capable of supporting the development of our analysis: the scale and the assumption of rupture
as an ontological characteristic of the city; mobility and the assertion of functional segregation of public
spaces; space as a central subject of conceptual activity; its urban form as Expression of Time; and Nature
as part of the city.
Subsequently, the analysis of the evolution of the characterization of public spaces, which were built in
Porto during the twentieth century, was developed from the following topics:
- Quantitative analysis, examining the evolution of the quantity and average size of built spaces;
- Form of public space, in particular its boundary and regularity. To understand how the capacity of the
elements characterizing the demarcation of public spaces evolve, in the circumstance of an intense
challenge to the enclosure of space, and when analyzing the intensity and variety of geometric
regularization strategies as instruments for compositional ordering;
- Natural and functional segregation, trying to measure, respectively: to what extent and in what ways
nature is being integrated on built city form and public spaces, and to assess the extent to which the
increasing complexity of functional requirements, which support the construction of public space, has an
impact on their topological, formal and functional segregation;
- through the designation of formal identity try to question the perception of public spaces as entities
with formal autonomy, checking how varying the intensity of features, whose analysis was previously
raised, interfere with or influence that specific understanding.
In the third and last part of this work, devoted to a discussion of the results of the analysis performed
earlier, a set of proposals were advanced for interpreting public spaces built in Porto during the twentieth
century, as part of urban history, as part of the international architectural culture, as an expression of
ideas, and as an open challenge.As part of the history of the town, we propose the following timeline of the construction of public space:
- From 1833 to 1909, the liberal city, where the transformations induced by industrialization are increasingly striking in a town where the predominant element is the open urban grid, indefinitely extensible, yet attentive to sporadic constraints.
- From 1910 to 1960, monumentalization, network and enclave. Under the general trend towards a stronger demand for formal and hierarchical order, which we have selected as the strongest distinctive characteristic of this period, we distinguish two groups of spaces: neighbourhoods, spaces that functionally and in terms of their composition will close on themselves with an enclaves logic of construction, almost self-referenced, and another group of spaces that, in this respect, extends the dominant logic of the previous period of construction.
- From 1960 to 2010, the modernist city. From 1960 onwards, dominant spaces are the ones that tend to distinguish themselves as monofunctional, even distinguishing within a formal point of view, the road infrastructure, the housing and urban parks. This period is marked by the possibilities raised by the generalization of individual motor transport and the growing autonomy of the various proposals that contribute to the construction of public space. The slight inflection of some indicators, in the last two decades, seems to point more to a phenomenon of consolidation, a transformation that was already registered earlier, than to any reversal of the direction of the urban form development.
We verified the existence of a strong correlation between European and Porto urban cultures, but that this connection is not identical or regular across the study period. It is possible to distinguish periods in which, quite clearly, there is a proximity to international standards, particularly in Europe, (notably the "radiant city", the garden city (even tough in its diminished neighbourhood garden form), the "city beautiful" (a reinterpretation of the late Haussmannization of the city), and the city´s rehabilitation based upon the relations with natural, scenic or cultural exceptions structures (historic hooves or waterfronts) and other periods in which this approach decreases its intensity, making irrelevant to city building models as "tabula rasa", "universal space" "totalitarian space", retrieval and the exploration of urban tissue historical models or the search for new forms of environmental sustainability.
We believe that it is possible to read the construction of public space in the twentieth century as an expression of certain immanent ideas about European urban culture: Rupture as an ontological characteristic of the city, Nature as part of the city, Mobility and spatial segregation, Space as a formal expression of time. From this urban spatial reading, we highlight the operative potential for the construction of public space as a shared opportunity, founded on the searching of purpose and particular circumstances, and in this sense, able to give form and expression to a time of adjustment and a renewed relationship with the natural structures .
Description: O presente trabalho tem como objectivo central a compreensão da caracterização formal dos espaços
públicos construídos na cidade do Porto durante o século XX. Do ponto de vista metodológico, os aspectos
mais determinantes do seu desenvolvimento foram, a indagação retrospectiva da análise a desenvolver,
e, a sua extensão a todos estes espaços públicos.
Como primeiro passo, propomos uma leitura da discussão do espaço público no âmbito do campo disciplinar
da arquitectura, durante o período em estudo, estruturada em quatro etapas tendencialmente
cronológicas: Textos fundadores (1850-1907), Cidades modernistas (1907-1950), Bem-estar e apocalipse
(1950-1975) e Pluralismo e fragmento (1968-2001). Desta leitura, elegemos como temas capazes
de suportar a análise a desenvolver: a escala e a assunção da ruptura como característica ontológica da
cidade; a mobilidade e a afirmação da segregação funcional dos espaços públicos; o espaço como objecto
central da actividade conceptual e a respectiva forma urbana como expressão do Tempo; e a Natureza
como parte integrante da cidade.
Posteriormente, a análise da evolução da caracterização do espaço público construído na cidade do Porto
durante o século XX foi desenvolvida a partir dos tópicos:
- análise quantitativa, assinalando a evolução da quantidade e dimensão média dos espaços construídos;
- forma do espaço público, em particular a sua delimitação e regularidade. De que modo, na circunstância
de um intenso desafio ao enclausuramento espacial, evolui a capacidade caracterizadora dos elementos
de delimitação dos espaços públicos, bem como a intensidade e variedade de estratégias de regularização
geométrica enquanto instrumentos de ordenamento compositivo;
- elementos naturais e segregação funcional, procurando aferir, respectivamente: em que medida e de
que modo, a Natureza vai sendo integrada na forma da cidade e dos espaços públicos; e, avaliar a intensidade
com que, a crescente complexidade dos requisitos funcionais que suportam a construção de espaço
público, se repercute na respectiva segregação topológica, formal e funcional;
- Sob a designação de Identidade formal procuramos questionar a percepção dos espaços públicos
enquanto entidades com autonomia formal, aferindo de que modo a variação de intensidade das características
cuja análise foi anteriormente suscitada, interferem ou condicionam essa específica compreensão.
Na terceira e última parte do presente trabalho, dedicada à discussão dos resultados da análise anteriormente
realizada, avançamos propostas interpretativas da forma dos espaços públicos construídos na
cidade do Porto durante o século XX, nomeadamente, como parte da história urbana, como parte da
cultura arquitectónica internacional, como expressão de um ideário, e, como desafio em aberto.Como parte da história urbana da cidade, propomos a periodização da construção do espaço público:
- De 1833 a 1909, cidade liberal, em que as transformações induzidas pela industrialização são cada vez mais marcantes numa cidade em que o elemento predominante é a malha urbana aberta, indefinidamente extensível, ainda que atenta a condicionamentos circunstanciais.
- De 1910 a 1960, monumentalização, rede e enclave. Sob a tendência generalizada para a procura de um forte e hierarquizado ordenamento formal, que elegemos como característica mais distintiva deste período, distinguimos dois grupos de espaços: bairros que, funcionalmente, e do ponto de vista da sua composição, se encerram sobre si próprios numa lógica de construção de enclaves quase auto-referenciados e um outro grupo de espaços que prolonga, neste aspecto, a lógica dominante no período anterior, de construção de uma malha urbana.
- De 1960 a 2010, cidade modernista. A partir de 1960 são dominantes os espaços tendencialmente monofuncionais em que se distinguem, até do ponto de vista formal, as infra-estruturas rodoviárias, os conjuntos habitacionais e os parques urbanos. Este período é marcado pelas possibilidades suscitadas pela generalização do transporte automóvel individual e pela crescente autonomização das várias intervenções que concorrem para a construção do espaço público. A ligeira inflexão de alguns indicadores nas duas últimas décadas parece sinalizar um fenómeno de consolidação, transformação anteriormente registada, mais do que qualquer inversão no sentido global da evolução da forma dos espaços urbanos.
Constatamos a existência de uma forte correspondência entre as culturas urbanas europeia e portuense, mas que esta conexão não é idêntica ou regular ao longo do período estudado. É possível distinguir períodos em que, de forma bastante clara, existe uma maior aproximação aos modelos internacionais, em particular europeus (nomeadamente, a "cidade radiosa", a cidade jardim (ainda que na sua forma diminuída de bairro-jardim), a "city beautiful" (numa tardia reinterpretação da haussmanização da cidade), e a requalificação a partir de relações com estruturas naturais, paisagísticas ou culturais de excepção (cascos históricos ou frentes de água); e outros períodos, em que esta aproximação diminui de intensidade, tornando muito pouco relevantes na construção da cidade modelos como: "tabula rasa", "espaço universal", "espaço totalitário", recuperação e exploração de modelos históricos de tecido urbano ou pesquisa de novas formas de sustentabilidade ambiental.
Entendemos ser possível ler a construção de espaço público no século XX enquanto expressão de um ideário imanente da cultura urbana europeia: a Ruptura como característica ontológica da cidade, a Natureza como parte da cidade; Mobilidade e segregação espacial; o Espaço enquanto expressão formal do tempo. Desta possibilidade de leitura, destacamos o potencial operativo da construção de espaço público enquanto criação de uma oportunidade partilhada, fundado na exploração de propósito e circunstâncias particulares e, nesse sentido, capaz dar forma e expressão a um tempo de uma renovada regulação e relação com as estruturas naturais.
Info Adicional:
Title: Construção de espaço público. Porto. Século XX Abstract: The main objective of the present work is the understanding of the formal characterization of public spaces, which were built in Porto during the twentieth century. From the methodological point of view, the more decisive aspects of the work were, on the one hand, the retrospective questioning of the analysis to develop and, on the other hand, the expansion of this analysis to all public spaces built in Porto during the twentieth century. As a first step, we propose the reading of the discussion of public space within the disciplinary field of architecture during the period under study, divided into four essentially chronological steps: Founding Texts (1850-1907), modernist cities (1907-1950), as well as welfare and apocalypse (1950-1975) and Pluralism and fragment (1968-2001). From this reading, we have chosen the following subjects as the ones capable of supporting the development of our analysis: the scale and the assumption of rupture as an ontological characteristic of the city; mobility and the assertion of functional segregation of public spaces; space as a central subject of conceptual activity; its urban form as Expression of Time; and Nature as part of the city. Subsequently, the analysis of the evolution of the characterization of public spaces, which were built in Porto during the twentieth century, was developed from the following topics: - Quantitative analysis, examining the evolution of the quantity and average size of built spaces; - Form of public space, in particular its boundary and regularity. To understand how the capacity of the elements characterizing the demarcation of public spaces evolve, in the circumstance of an intense challenge to the enclosure of space, and when analyzing the intensity and variety of geometric regularization strategies as instruments for compositional ordering; - Natural and functional segregation, trying to measure, respectively: to what extent and in what ways nature is being integrated on built city form and public spaces, and to assess the extent to which the increasing complexity of functional requirements, which support the construction of public space, has an impact on their topological, formal and functional segregation; - through the designation of formal identity try to question the perception of public spaces as entities with formal autonomy, checking how varying the intensity of features, whose analysis was previously raised, interfere with or influence that specific understanding. In the third and last part of this work, devoted to a discussion of the results of the analysis performed earlier, a set of proposals were advanced for interpreting public spaces built in Porto during the twentieth century, as part of urban history, as part of the international architectural culture, as an expression of ideas, and as an open challenge.As part of the history of the town, we propose the following timeline of the construction of public space: - From 1833 to 1909, the liberal city, where the transformations induced by industrialization are increasingly striking in a town where the predominant element is the open urban grid, indefinitely extensible, yet attentive to sporadic constraints. - From 1910 to 1960, monumentalization, network and enclave. Under the general trend towards a stronger demand for formal and hierarchical order, which we have selected as the strongest distinctive characteristic of this period, we distinguish two groups of spaces: neighbourhoods, spaces that functionally and in terms of their composition will close on themselves with an enclaves logic of construction, almost self-referenced, and another group of spaces that, in this respect, extends the dominant logic of the previous period of construction. - From 1960 to 2010, the modernist city. From 1960 onwards, dominant spaces are the ones that tend to distinguish themselves as monofunctional, even distinguishing within a formal point of view, the road infrastructure, the housing and urban parks. This period is marked by the possibilities raised by the generalization of individual motor transport and the growing autonomy of the various proposals that contribute to the construction of public space. The slight inflection of some indicators, in the last two decades, seems to point more to a phenomenon of consolidation, a transformation that was already registered earlier, than to any reversal of the direction of the urban form development. We verified the existence of a strong correlation between European and Porto urban cultures, but that this connection is not identical or regular across the study period. It is possible to distinguish periods in which, quite clearly, there is a proximity to international standards, particularly in Europe, (notably the "radiant city", the garden city (even tough in its diminished neighbourhood garden form), the "city beautiful" (a reinterpretation of the late Haussmannization of the city), and the city´s rehabilitation based upon the relations with natural, scenic or cultural exceptions structures (historic hooves or waterfronts) and other periods in which this approach decreases its intensity, making irrelevant to city building models as "tabula rasa", "universal space" "totalitarian space", retrieval and the exploration of urban tissue historical models or the search for new forms of environmental sustainability. We believe that it is possible to read the construction of public space in the twentieth century as an expression of certain immanent ideas about European urban culture: Rupture as an ontological characteristic of the city, Nature as part of the city, Mobility and spatial segregation, Space as a formal expression of time. From this urban spatial reading, we highlight the operative potential for the construction of public space as a shared opportunity, founded on the searching of purpose and particular circumstances, and in this sense, able to give form and expression to a time of adjustment and a renewed relationship with the natural structures . Description: O presente trabalho tem como objectivo central a compreensão da caracterização formal dos espaços públicos construídos na cidade do Porto durante o século XX. Do ponto de vista metodológico, os aspectos mais determinantes do seu desenvolvimento foram, a indagação retrospectiva da análise a desenvolver, e, a sua extensão a todos estes espaços públicos. Como primeiro passo, propomos uma leitura da discussão do espaço público no âmbito do campo disciplinar da arquitectura, durante o período em estudo, estruturada em quatro etapas tendencialmente cronológicas: Textos fundadores (1850-1907), Cidades modernistas (1907-1950), Bem-estar e apocalipse (1950-1975) e Pluralismo e fragmento (1968-2001). Desta leitura, elegemos como temas capazes de suportar a análise a desenvolver: a escala e a assunção da ruptura como característica ontológica da cidade; a mobilidade e a afirmação da segregação funcional dos espaços públicos; o espaço como objecto central da actividade conceptual e a respectiva forma urbana como expressão do Tempo; e a Natureza como parte integrante da cidade. Posteriormente, a análise da evolução da caracterização do espaço público construído na cidade do Porto durante o século XX foi desenvolvida a partir dos tópicos: - análise quantitativa, assinalando a evolução da quantidade e dimensão média dos espaços construídos; - forma do espaço público, em particular a sua delimitação e regularidade. De que modo, na circunstância de um intenso desafio ao enclausuramento espacial, evolui a capacidade caracterizadora dos elementos de delimitação dos espaços públicos, bem como a intensidade e variedade de estratégias de regularização geométrica enquanto instrumentos de ordenamento compositivo; - elementos naturais e segregação funcional, procurando aferir, respectivamente: em que medida e de que modo, a Natureza vai sendo integrada na forma da cidade e dos espaços públicos; e, avaliar a intensidade com que, a crescente complexidade dos requisitos funcionais que suportam a construção de espaço público, se repercute na respectiva segregação topológica, formal e funcional; - Sob a designação de Identidade formal procuramos questionar a percepção dos espaços públicos enquanto entidades com autonomia formal, aferindo de que modo a variação de intensidade das características cuja análise foi anteriormente suscitada, interferem ou condicionam essa específica compreensão. Na terceira e última parte do presente trabalho, dedicada à discussão dos resultados da análise anteriormente realizada, avançamos propostas interpretativas da forma dos espaços públicos construídos na cidade do Porto durante o século XX, nomeadamente, como parte da história urbana, como parte da cultura arquitectónica internacional, como expressão de um ideário, e, como desafio em aberto.Como parte da história urbana da cidade, propomos a periodização da construção do espaço público: - De 1833 a 1909, cidade liberal, em que as transformações induzidas pela industrialização são cada vez mais marcantes numa cidade em que o elemento predominante é a malha urbana aberta, indefinidamente extensível, ainda que atenta a condicionamentos circunstanciais. - De 1910 a 1960, monumentalização, rede e enclave. Sob a tendência generalizada para a procura de um forte e hierarquizado ordenamento formal, que elegemos como característica mais distintiva deste período, distinguimos dois grupos de espaços: bairros que, funcionalmente, e do ponto de vista da sua composição, se encerram sobre si próprios numa lógica de construção de enclaves quase auto-referenciados e um outro grupo de espaços que prolonga, neste aspecto, a lógica dominante no período anterior, de construção de uma malha urbana. - De 1960 a 2010, cidade modernista. A partir de 1960 são dominantes os espaços tendencialmente monofuncionais em que se distinguem, até do ponto de vista formal, as infra-estruturas rodoviárias, os conjuntos habitacionais e os parques urbanos. Este período é marcado pelas possibilidades suscitadas pela generalização do transporte automóvel individual e pela crescente autonomização das várias intervenções que concorrem para a construção do espaço público. A ligeira inflexão de alguns indicadores nas duas últimas décadas parece sinalizar um fenómeno de consolidação, transformação anteriormente registada, mais do que qualquer inversão no sentido global da evolução da forma dos espaços urbanos. Constatamos a existência de uma forte correspondência entre as culturas urbanas europeia e portuense, mas que esta conexão não é idêntica ou regular ao longo do período estudado. É possível distinguir períodos em que, de forma bastante clara, existe uma maior aproximação aos modelos internacionais, em particular europeus (nomeadamente, a "cidade radiosa", a cidade jardim (ainda que na sua forma diminuída de bairro-jardim), a "city beautiful" (numa tardia reinterpretação da haussmanização da cidade), e a requalificação a partir de relações com estruturas naturais, paisagísticas ou culturais de excepção (cascos históricos ou frentes de água); e outros períodos, em que esta aproximação diminui de intensidade, tornando muito pouco relevantes na construção da cidade modelos como: "tabula rasa", "espaço universal", "espaço totalitário", recuperação e exploração de modelos históricos de tecido urbano ou pesquisa de novas formas de sustentabilidade ambiental. Entendemos ser possível ler a construção de espaço público no século XX enquanto expressão de um ideário imanente da cultura urbana europeia: a Ruptura como característica ontológica da cidade, a Natureza como parte da cidade; Mobilidade e segregação espacial; o Espaço enquanto expressão formal do tempo. Desta possibilidade de leitura, destacamos o potencial operativo da construção de espaço público enquanto criação de uma oportunidade partilhada, fundado na exploração de propósito e circunstâncias particulares e, nesse sentido, capaz dar forma e expressão a um tempo de uma renovada regulação e relação com as estruturas naturais.
Autor:
Clica para continuares a ler...