RSS Cientifico geral Alternative methods to screen ocean pollution through biomarker assessment in the shark Scyliorhinus canicula (Linnaeus, 1758)

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Breve resumo:
A contaminação por metais pesados, de origem antropogénica, é uma problemática crescente que ameaça muitos recursos marinhos. As cadeias alimentares oceânicas estão a ser afetadas, com os organismos de nível trófico superior em perigo adicional. Predadores de topo, como os tubarões, estão particularmente em perigo devido ao seu lento crescimento e longa vida. São desta forma especialmente afetados pela bioacumulação e biomagnificação. Estudos ecotoxicológicos são assim essenciais para avaliar potenciais riscos destas contaminações, investigando como a bioquímica dos organismos poderá ser afetada. No entanto, muitos destes estudos dependem da análise de biomarcadores em tecidos apenas disponíveis por amostragens invasivas ou letais. Isto é bastante problemático já que muitas espécies de tubarão estão consideradas em perigo de extinção na lista vermelha da IUCN. Existe por isso uma clara necessidade de métodos de amostragem não letais e/ou menos invasivos aplicáveis a estes móveis predadores. Amostragens mais éticas, como sangue ou biopsias de pele através de dardos (método já empregue em cetáceos) são alternativas emergentes. Assim sendo, este estudo pretendeu avaliar o potencial do sangue e de simulações destas biopsias como tecidos, que por si só, possam avaliar contaminação metálica e respostas bioquímicas no pata-roxa do atlântico (Scyliorhinus canicula). Um total de 74 espécimes (40 fêmeas e 34 machos) foram utilizados, resultantes de captura acessória por navios de pesca de arrasto ao largo da costa de Portugal. Sangue e pele foram amostrados de cada individuo, como também musculo e fígado de forma a proceder-se a uma análise comparativa com o intuito de validar o objetivo proposto. A contaminação metálica foi quantificada no músculo mais profundo e nas biopsias de pele. O Arsénio (As), Ferro (Fe) e o Zinco (Zn) tiveram os valores médios mais elevados de todos os metais medidos. Houve uma tendência geral para maior contaminação na pele, com diferenças encontradas entre estágios de vida e sexo dos tubarões. Quanto à contaminação no músculo, vários espécimes analisados ultrapassavam limites de diretivas para o Mercúrio (Hg) e As, sendo por isso impróprios para consumo humano ou mesmo na produção de rações. Ao analisar o mesmo metal, em ambos estes tecidos, foram evidentes correlações positivas entre Crómio (Cr), Hg, As, Fe e Zn.Respostas bioquímicas, relacionadas com o metabolismo energético e stress oxidativo, foram investigadas em todos os tecidos amostrados do S. canicula. Diferenças entre género e maturação foram encontradas para algumas destas respostas. Usando a contaminação medida na pele e no músculo, foi empregue uma análise multivariada na investigação de potenciais relações nas respostas medidas nos biomarcadores. Aqui, os metais As e Hg foram recorrentes na sua maior importância em explicar a variabilidade das respostas bioquímicas. Destes biomarcadores, a peroxidação lipídica (LPO), a lactato desidrogenase (LDH) e a alocação celular de energia (CEA) foram os mais responsivos, com várias e notadas correlações. Este estudo faz um esforço crucial na validação de meios de amostragem não letais, com potencial utilização no estudo e proteção das maiores e mais ameaçadas espécies de tubarão. Fá-lo por ser o primeiro a englobar, em tecidos letais e biopsias da pele, níveis de contaminação e análise de biomarcadores. A utilização destas biopsias é prometedora como substituto do músculo, ao mesmo tempo que ajuda a demonstrar o potencial do S. canicula como bioindicador da polução marinha na costa atlântica portuguesa.​



Info Adicional:
A contaminação por metais pesados, de origem antropogénica, é uma problemática crescente que ameaça muitos recursos marinhos. As cadeias alimentares oceânicas estão a ser afetadas, com os organismos de nível trófico superior em perigo adicional. Predadores de topo, como os tubarões, estão particularmente em perigo devido ao seu lento crescimento e longa vida. São desta forma especialmente afetados pela bioacumulação e biomagnificação. Estudos ecotoxicológicos são assim essenciais para avaliar potenciais riscos destas contaminações, investigando como a bioquímica dos organismos poderá ser afetada. No entanto, muitos destes estudos dependem da análise de biomarcadores em tecidos apenas disponíveis por amostragens invasivas ou letais. Isto é bastante problemático já que muitas espécies de tubarão estão consideradas em perigo de extinção na lista vermelha da IUCN. Existe por isso uma clara necessidade de métodos de amostragem não letais e/ou menos invasivos aplicáveis a estes móveis predadores. Amostragens mais éticas, como sangue ou biopsias de pele através de dardos (método já empregue em cetáceos) são alternativas emergentes. Assim sendo, este estudo pretendeu avaliar o potencial do sangue e de simulações destas biopsias como tecidos, que por si só, possam avaliar contaminação metálica e respostas bioquímicas no pata-roxa do atlântico (Scyliorhinus canicula). Um total de 74 espécimes (40 fêmeas e 34 machos) foram utilizados, resultantes de captura acessória por navios de pesca de arrasto ao largo da costa de Portugal. Sangue e pele foram amostrados de cada individuo, como também musculo e fígado de forma a proceder-se a uma análise comparativa com o intuito de validar o objetivo proposto. A contaminação metálica foi quantificada no músculo mais profundo e nas biopsias de pele. O Arsénio (As), Ferro (Fe) e o Zinco (Zn) tiveram os valores médios mais elevados de todos os metais medidos. Houve uma tendência geral para maior contaminação na pele, com diferenças encontradas entre estágios de vida e sexo dos tubarões. Quanto à contaminação no músculo, vários espécimes analisados ultrapassavam limites de diretivas para o Mercúrio (Hg) e As, sendo por isso impróprios para consumo humano ou mesmo na produção de rações. Ao analisar o mesmo metal, em ambos estes tecidos, foram evidentes correlações positivas entre Crómio (Cr), Hg, As, Fe e Zn.Respostas bioquímicas, relacionadas com o metabolismo energético e stress oxidativo, foram investigadas em todos os tecidos amostrados do S. canicula. Diferenças entre género e maturação foram encontradas para algumas destas respostas. Usando a contaminação medida na pele e no músculo, foi empregue uma análise multivariada na investigação de potenciais relações nas respostas medidas nos biomarcadores. Aqui, os metais As e Hg foram recorrentes na sua maior importância em explicar a variabilidade das respostas bioquímicas. Destes biomarcadores, a peroxidação lipídica (LPO), a lactato desidrogenase (LDH) e a alocação celular de energia (CEA) foram os mais responsivos, com várias e notadas correlações. Este estudo faz um esforço crucial na validação de meios de amostragem não letais, com potencial utilização no estudo e proteção das maiores e mais ameaçadas espécies de tubarão. Fá-lo por ser o primeiro a englobar, em tecidos letais e biopsias da pele, níveis de contaminação e análise de biomarcadores. A utilização destas biopsias é prometedora como substituto do músculo, ao mesmo tempo que ajuda a demonstrar o potencial do S. canicula como bioindicador da polução marinha na costa atlântica portuguesa.



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